Mais um ano começa, junto com ele nascem algumas certezas, dúvidas aparecem, algumas páginas para sempre viradas, outras iniciando um capítulo novo.
Ah, leitores, quanta coragem precisamos para seguir em frente, para fechar portas, fechar, fechar, tantas coisas precisam ser fechadas, tantas outras gritam para abrir...
Gavetas pedindo espaços novos para novas coisas, roupas cheirando ao mofo de nossos corpos cansados da rotina infindável de ir e vir, pedem exílio de velhos cabides.
É preciso aparar as pontas duplas da rotina que nos impedem de sermos felizes, romper com tudo aquilo que nos afasta de nós mesmos.
A palavra recomeçar parece apropriada para qualquer mensagem escrita num mês de janeiro, não importa o ano, o mês de janeiro sempre vem acompanhado de recomeço. É como a porta do tempo que se abre, somos os personagens, temos o roteiro de nossa vida nas mãos, contudo, todo ano reserva alguma surpresa, é como se o tempo fosse autor de alguns capítulos inesperados em nossas vidas. Oxalá, sejam bons e felizes capítulos!
Cada um de nós irá passar por emoções, iremos chorar e sorrir, amar e sofrer. A vida é isso!
Gosto da idéia de pensar que todo dia é uma espécie de janeiro de nossas vidas, onde precisamos de fôlego, muito fôlego, para lutar pelos nossos sonhos; há que ouse não sonhar, para estes a vida não passa de um calvário de horas.
A eternidade de nossas vidas está justamente nessa constante busca, uma força motriz que nos impulsiona, que nos faz respirar, o desequilíbrio é uma condição necessária ao aprendizado. Por isso de nada adianta fincar os pés no chão da zona de conforto e fugir da vida!
É preciso abandonar as velharias que nos impedem de crescer, mágoas, tristezas e decepções, pois isso tudo é transitório, nós é que muitas vezes prolongamos esse sentimento, através da postura mental. Algumas pessoas estacionam seus pensamentos somente nas coisas ruins que lhe ocorrem, sem contabilizar as infinitas graças recebidas.
Não importa o quanto sofremos, mas como iremos lidar, ou melhor, transformar esse sofrimento em coragem para continuar!
É comum ouvirmos pessoas que lamentam o ano que tiveram e agouram o ano que está por vir, os insatisfeitos crônicos, aqueles indivíduos que culpam a vida, as pessoas, o mundo todo pelo seu fracasso.
Trazer a responsabilidade para si é um grande passo no caminho da felicidade, que não existe sem amadurecimento e árduo trabalho em prol da auto-evolução!
Mas onde ela quer chegar com essa conversa, dirão os leitores, explico, explico...
Pessoas há que fazem contrato com a felicidade, serei (sempre no futuro) feliz, se eu tiver isso e aquilo, se acontecer isso ou aquilo, se, se...tantos ?se? nos impedem de apreciar as coisas boas da vida.
Esse padrão mental, patrocinado pelos ideais capitalistas, que preconizam ?é feliz quem têm? impede-nos de perceber o quanto é sutil e gratuita a felicidade!
Ouso dizer que esse comportamento, essa manutenção de valores superficiais e a falta de amor próprio, explicam o fato de muitas pessoas, principalmente jovens que não tiveram uma base familiar sólida, estarem cada vez mais consumistas, burros e infelizes!
Longe da atmosfera superficial dos livros de auto-ajuda, que subestimam nossa inteligência, quero apenas compartilhar as angústias e inquietações que envolvem os 365 dias de mais um ano em nossas vidas, e propor a todos que redijam seu contrato com o ano novo que se inicia, mas, vá lá, algumas cláusulas são terminantemente proibidas, como a preguiça, o mau humor, a auto piedade, a inveja, a mágoa e tristeza...; essa lista é imensa, eu sei!
Quiçá consigamos adentrar em nossos obscuros parágrafos, jogar fora o que não presta, ser mais consciente e humano, pois assim o tempo tecerá em nossos manuscritos, incisos e alíneas de paz em nossas vidas. Seria isso a felicidade?
Cassiane Schmidt
edição 1259
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