Ética e violência - Jornal Cruzeiro do Vale

Ética e violência

12/07/2013 03:23

Thiago Burckhart | Estudante de Direito

 

Diante do paradigma que vivemos e das influências midiáticas que sofremos diariamente, usualmente costumamos relacionar a palavra violência com a criminalidade que vê-se na televisão, como o roubo, assalto, homicídio, lesão corporal, entre outros crimes que vemos noticiados. Ocorre que a palavra violência possui um significado bem mais amplo que o crime e a criminalidade em si, sendo uma construção social que manifesta-se no dia-a-dia.

Deste modo, a violência pode ser definida como todo e qualquer comportamento ou força que cause intencionalmente um dano contra a vontade e liberdade de outrem, seja ela física ou moral. Assim, a violência não é algo que está longe de nós, nos noticiários e na televisão, mas é algo que ocorre em todos os dias na dinâmica das relações sociais.

A sociedade brasileira, como descreve a filósofa Marilena Chauí, é autoritária, conservadora, hierarquizada e violenta, contrariando o estigma de que o Brasil é um país diversificado e aberto à pluralidade. A violência é uma das características de nossa sociedade que se manifesta no ?jeitinho brasileiro? ? como furar a fila -, na não aceitação daquele que é ?diferente? contribuindo para a sua marginalização ? os negros nas favelas, os homossexuais sendo reprimidos -, nas imposições sociais ? a mulher deve estar sempre linda e bela, o homem deve ser sempre viril e másculo -, nas brincadeirinhas que se faz com o outro, ridicularizando-o ? como o bullying -, entre outros inúmeros exemplos e características.

Isso tudo demonstra que a sociedade brasileira é violenta e precisa urgentemente pensar e repensar suas atitudes, seus pensamentos, suas frustrações e seus atos violentos. Para se construir uma democracia de fato é necessário que o povo aprenda a respeitar o outro, o diferente; que não imponha paradigmas de beleza e de pensamento aos outros, bem como que não o ridicularize o outro para se sentir melhor. É preciso que a sociedade se conscientize de que a violência é algo que ocorre conosco e que necessitamos mudar este fato.

Contudo, é necessário rever a ética social, criar uma nova ética pautada no respeito à vida em suas mais diversas manifestações, na compreensão de que o outro é diferente e que pensa diferente, na abordagem da pluralidade e da diversidade, como forma de progresso humano. Sem isso, nunca viveremos numa real democracia!

 

Edição 1505

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