O avô foi o primeiro a chegar, na década de 1940. O pai continuou com o negócio e hoje o engenheiro agrônomo Arien Van Vliet, de 29 anos, prevê passar o resto de sua vida cultivando antúrios de vaso. De origem holandesa, a família dele é uma das 200 que produzem flores em Holambra, a 133 km de São Paulo. Na cidade que recebeu imigrantes holandeses, o cultivo de plantas atravessa gerações. E, nesta quinta-feira (2), quando começa a Expoflora, a expectativa deles é ainda maior.
Em sua 29ª edição, a exposição e comercialização de plantas ornamentais é o momento de lançar tendências, colocar novas flores no mercado e atrair clientes. ?A Expoflora é a oportunidade de apresentar produtos?, diz Van Vliet, também animado com a chegada da primavera com o mercado aquecido. ?O brasileiro está comprando mais flor. Há uma transferência de classe social. Da C para a B, da B para a A?, exemplifica o produtor.
É em uma estufa que cheira a terra molhada ? o antúrio não tem perfume ? que os Van Vliet guardam os cerca de 12 mil vasinhos que produzem por mês. ?Fizemos um investimento e, em outubro, queremos cultivar de 15 mil a 18 mil vasos por mês?, afirma o engenheiro agrônomo, nascido e criado nos campos da fazenda. ?Cresci no meio das flores. Nunca pensei em fazer outra coisa.?
Caminhando pelos canteiros de antúrios, Van Vliet conta que o avô chegou em Holambra e tentou fazer dinheiro com a pecuária. O negócio não deu frutos e ele partiu para o ramo de flores. Primeiro, a gérbera de corte. Depois, o antúrio de corte (plantado na terra, em jardins, por exemplo) e, atualmente, o antúrio de vaso. O rapaz diz que tem clientes em todo o Brasil e a maioria se concentra no Sul. Para que as flores, que brotam nas cores laranja, vermelho, branco e rosa, não cheguem murchas ao destino, são transportadas em caminhões refrigerados.
?A rentabilidade do antúrio de vaso é maior. Tem mais valor agregado?, revela o produtor, que envia sua mercadoria para floriculturas e distribuidoras. Ele ensina que, para durar mais, a flor deve ser deixada na sombra, ser regada ?uma ou duas vezes por semana? e adubada uma vez por mês. ?Dura uns três meses. Se bem cuidada, pode durar seis meses.?
Em Holambra, onde tudo lembra flores e colonização holandesa, como moinhos e pratos típicos, a primavera antecipada com a Expoflora é comemorada por quem vive desse mercado. ?A perspectiva é crescer 15% neste ano. E por que o setor cresce? Porque para flor e planta não tem resistência. Todo mundo gosta?, aposta Kees Schoenmaker, presidente do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor).
Para garantir a produção e evitar surpresas desagradáveis, na propriedade de Arien Van Vliet a estufa mantém a temperatura ambiente a 27ºC durante o dia e 18ºC à noite. As sementes vêm da Holanda, mantendo o ?melhoramento genético? da planta. O engenheiro agrônomo calcula ter uns três concorrentes diretos na região ? a maioria da produção é de rosas. Questionado se os produtores são todos amigos, ele é democrático e ri: ?A gente conversa normalmente, mas não abre as portas?.
fonte g1
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