Figueira
Que lembranças lindas tenho desta figueira que tem ao seu lado um pé de ipê amarelo, que muitos anos foi cultivado pela senhora Rosa Laguna, servente da prefeitura; quantos canarinhos vimos nascer nesta figueira, seu Agildo, porteiro, nos chamava para ver os filhotes, mais tarde o Pepe e o Pipi limpavam o local, quantas brigas quando as folhas caiam no outono. Da minha sala, na contabilidade, era comum ver esses pássaros pela janela, hoje vocês do Jornal Cruzeiro estão ao lado.
Como criador doméstico, e defensor da criação de aves em cativeiro, temos um slogan: CRIAR É PRESERVAR. Semana passada quando estava colocando meus canários na Avenida do Estado, em Balneário, para tomar um sol, todos documentados, passou um senhor gaúcho e me disse: o senhor tem cabelos brancos e deve ser bem esclarecido, porque não solta esses pássaros? Falei a ele que foram criados em cativeiro e os gatos vão comê-los, o homem respondeu: isto faz parte da natureza. Inconformado com a advertência em meu local, perguntei a ele: o senhor gosta de cavalos, não é? Ele me disse, sim! Perguntei: o senhor gostaria de ser castrado, ter que puxar uma carroça e levar, diariamente, alguém nas costas? De imediato o arrogante homem se retirou resmungando e dizendo - não devia mexer com quem não estava me incomodando.
Na minha opinião, se tivermos que soltar os pássaros que cantam temos que prender os predadores. Até na natureza os pequenos são sempre as vítimas. Boa história esta da Figueira da Prefeitura de Gaspar, merece uma reflexão; é uma boa lição de vida.
Odir Barni | Balneário Camboriú
Novo Bispo
Parabéns à família de Dom Jaime Spengler, também tive o privilégio de conviver com ele, estudando no Frei Godofredo e trabalhando na Circulo. Parabéns a Dom Jaime.
Raul Schramm | Gaspar
Recorrer a quem?
Para uma sociedade constituída, precisamos respeitar o ser humano, ele tem que ser e estar sempre em primeiro lugar. Se não for assim, veremos tudo virar uma piada. Olha só o que eu juntei nesses poucos dias acompanhando a mídia escrita e falada do país e local:
A lixeira daquele tamanho lá na divisa do Gaspar Alto com Blumenau e dizem que o povo é mal educado; o carro chefe das eleições de 2012 é o IF-SC e olha o acesso; o ENEM tem que ser refeito e dizem por aí que foi um sucesso e o que é um fracasso; A LDO, ninguém deu explicação até agora, as emendas foram todas vetadas; um dos principais acessos ao município, a ponte Hercílio Deeke, está interditada e está no orçamento para o ano que vem só o projeto ainda; O contorno viário esta na LDO, 2 km para 2011; não tem diretor de trânsito e nem de turismo, e olha que nós somos o coração do Vale e a rota das águas e o verão bate a porta; o assunto trevo Bairro Figueira já caiu no esquecimento; enquanto no Brasil, o Estudante faz prova e paga de Palhaço, o Palhaço faz a prova e paga de Estudante.
Vamos recorrer a quem?
Roberto Basei | Gaspar
ADARB
É com grande honra que nós da ADARB recebemos convite da Câmara Federal, em Brasília, para participarmos do Seminário ?Situações Emergenciais Socioambientais e Direitos Humanos?, com apresentação do nosso trabalho como sociedade civil organizada. Faremos a apresentação do nosso trabalho no próximo dia 18 de novembro.
Também em Brasília, no dia 17 de novembro, estaremos reunidos com representantes de desabrigados de estados como Alagoas, Pernambuco, entre outros.
Nosso trabalho é continuo em favor da sociedade civil e em especial pela defesa de seus direitos, alcançamos credibilidade a nível nacional e estamos dispostos a lutar pelo nosso bem maior: o povo.
Tatiana R. Reichert | Ilhota
AOS AMIGOS...
A verdadeira amizade está muito além do que as palavras podem descrever, porém acredito que a amizade multiplica as alegrias e divide as tristezas. A amizade aumenta a felicidade e diminui o sofrimento, duplicando a nossa alegria e dividindo a nossa dor.
Há pessoas que entram casualmente em nossas vidas, mas não é por acaso que elas permanecem. A estabilidade da amizade depende da renúncia do auxílio mútuo. Com certeza, a melhor parte da vida de uma pessoa está nas suas verdadeiras amizades.
Fácil é ser colega (dizer o que ele deseja ouvir), porém, difícil é ser amigo (para todos os momentos e sempre falar a verdade). Para conhecermos os verdadeiros amigos faz-se necessário passar pelo sucesso (onde verificamos a quantidade) e pela desgraça (onde constatamos a qualidade).
Os verdadeiros amigos amam você de qualquer jeito. Poder haver amizade entre as pessoas mais desiguais, pois a amizade torna-as iguais. Grande parte da vitalidade de uma amizade se destaca, principalmente, no respeito pelas diferenças (não apenas em desfrutar das semelhanças). A amizade é a comodidade extraordinária de nos sentirmos seguros com outra pessoa, ?sem ser preciso pesar o que se pensa, nem medir o que se diz?.
As palavras de amizade e conforto podem ser breves e precisas, mas o seu eco é permanente. Nenhum gesto de amizade, por mais imperceptível que seja, é dilapidado. A adversidade tem isto de bom: faz-nos reconhecer os reais amigos. Reconhece-se o amigo certo numa situação incerta.
A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de ?todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades?. Amigo é aquele que sabe tudo a seu respeito e, mesmo assim, ainda gosta de você.
Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos, não tanto pelo que nos proporciona, mas pelo que nos desvenda e expõe de nós mesmos. Tornamo-nos eternamente responsáveis pelas pessoas que cativamos. ?Cada um que passa em nossa vida passa sozinho, mas não vai sozinho, nem nos deixa a sós... Deixa um pouco de si e leva um pouco de nós?.
Prof. MARIOLY OZE MENDES
marioly@ibest.com.br
Tipos de carisma: da cabeça (Lula) e das mãos (Dilma)
O Brasil conheceu ultimamente duas rupturas de magnitude histórica: elegeu um operário presidente e, em seguida, uma mulher, filha de imigrantes búlgaros, resistente da ditadura militar e testada na tortura. Isso não é sem significação. Depois de 503 anos sem alternância no poder, tempo em que as elites dominaram neste pais, criaram-se as condições concretas políticas e sociais para romper esta continuidade. Um filho da pobreza, Lula, irrompeu com um carisma avassalador que modificou o cenário político brasileiro.
Agora o sucede uma mulher, Dilma Vana Rousseff. Antes de mais nada é uma mulher. Para os que vêm da cultura patriarcal e androcêntrica ainda dominante na sociedade, que não se deu conta da revolução cultural trazida pelas mulheres, há mais de um século, o fato de ser mulher não significa nada. Para muitos deles, funciona em suas cabeças, o que ensinava Aristóteles, o repetia Tomás de Aquino e que ainda guarda ressonância no Código de Direito Canônico e na psicologia de Freud: a mulher é um homem que ficou a caminho e que não chegou ainda à sua plenitude. Por isso, o lugar que lhe cabe é apenas de coadjuvante. E eis que emerge uma mulher que rompe com este preconceito e se mostra como presidente que assume conscientemente sua função. Em seguida, é uma mulher que mostrou coragem ao se opor à truculência dos que sequestravam, torturavam e matavam em nome do Estado de Segurança Nacional (entenda-se Segurança do Capital). Uma mulher que ajudou a construir uma democracia aberta, sem rancor e sem ódios, como se viu na campanha presidencial, de baixíssima intensidade ética e se qualificou brilhantemente como administradora em várias funções públicas.
Ela não tem o tipo de carisma de Lula que é o carisma da cabeça, que mais que palavras fala coisas, que diz a verdade direta e pronuncia discursos convincentes. Ela tem o carisma das mãos, do fazer: correto, bem planejado e rigorosamente cobrado. Sem perder a ternura de mulher, se mostra exigente, como deve ser.
Há carismas e carismas. A categoria carisma não pode ser monopolizada por um tipo de carisma, aquele da palavra criativa e do fascínio que suscita. Há outros tipos de carisma que não ncessariamente passam pela palavra falada. Se assim fosse, Chico Buarque de Holanda não seria inegavelmente o carismático que é, pois seu carisma não se realiza pela palavra falada, mas no romance, na poesia e genialmente na música.
Expliquemos melhor este conceito de carisma que vai além do sentido dado por Max Weber. Raro na literatura grega e vétero-testamentária, foi introduzido por São Paulo que o usou dezenas e vezes em suas epístolas. O carisma está ligado a duas outras realidades: ao Espírito e à comunidade. O Espírito é entendido como a fantasia de Deus, o princípio divino de toda criatividade e invenção. Esse Espírito suscita todo tipo de carismas como da inteligência, do aconselhamento, da consolação dos doentes, do ensino, da palavra fácil, da direção de uma comunidade. O carisma não é do reino do extraordinário, mas do ordinário da vida como o de cantar, de fazer música e de entreter a comunidade. Não existe nenhum membro ocioso:?Cada qual tem o seu próprio carisma, um de um modo outro de outro?(1Cor 7,7).
Os carismas vêm do Espírito mas se destinam à construção e à animação da comunidade. Eles não são para a autopromoção mas para o serviço aos demais. Definindo: carisma é a função concreta que cada qual desempenha dentro da comunidade a bem de todos (l Cor 12,7;Ef 4,7), função entendida na fé como atuação do Espírito Criador presente na comunidade.
Apliquemos isso ao caso Dilma. Seu carisma, no entendimento acima, é o do fazimento, da administração, do governo, do planejamento de um projeto de Brasil e da diligência para que seja realizado no sentido da justiça social e ecológica, da inclusão dos destituídos, com ética pública, transparência nas decisões e controle dos procedimentos. Talvez após o carisma da cabeça convém que seja completado com o das mãos o operosas.
Para que esse carisma se realize não basta a vontade de Dilma. Precisa-se do apoio da sociedade, da boa-vontade geral e de todos os que labutam pelo bem do povo a partir dos últimos.
Leonardo Boff - Teólogo
edição 1247
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