Por Herculano Domício, edição especial 31.12.2010 - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício, edição especial 31.12.2010

31/12/2010

Retrospectiva I

Hoje é dia 31 de Janeiro. Tradicionalmente seria dia de se fazer uma retrospectiva dos grandes feitos da administração de Pedro Celso Zuchi e Mariluci Deschamps Rosa, ambos do PT, em favor dos gasparenses. Bom, se nem eles próprios não a fizeram (por falta de assunto e fatos relevantes) eu também não farei. Pouparei a todos da relação de desastres, incoerências e ausências destes dois anos de mandato daatual administraçã omunicipal. A começar pelo tempo que gastaram para montar uma CPI contra o antigo governo e que, para ela existir, falsificaram documentos oficiais, como admitiram no decorrer do processo. Fato que a levou ao fracasso. Eles próprios tornaram limpo e herói, Adilson Luiz Schmitt. Incrível. Acorda, Gaspar.

Retrospectiva II

E por que isso? Porque a campanha foi relativamente fácil. Uniram-se interesses de poder  e de vingança. Qual foi o mote da campanha? ?Deixar de berrar?, numa alusão aos surtos de desequilíbrio do ex-prefeito. Com isso, não apresentaram nenhum projeto, nenhum compromisso, nenhum sonho. Aliás, apresentaram factóides: reabrir o hospital para o qual não contribuíram, receberam pronto dos empresários e outros. Nunca colocaram lá os R$200 mil de manutenção por mês que o próprio Pedro Celso Zuchi prometeu (ninguém me disse, eu mesmo escutei e tenho gravado) na campanha. Agora, Zuchi e Mariluci, que aparelharam o hospital com o administrador Aldo Avosani, corre o sério risco, de verdade, de ser o responsável pelo fechamento do hospital.

Retrospectiva III

É. Não foi fácil. Sucederam várias dúvidas que foram parar na Justiça, no Tribunal de Contas, isto para não falar na possível compra de votos que tramita entre a Polícia Federal e a Justiça. Ou seja, começou tudo errado. Passa pelo abandono dos bairros e pela manobra para colocar no bolso a Câmara de Vereadores via o vereador José Hilário Melato, do PP; finda com a falta de casas para os desabrigados, a ponte Hercílio Deecke sob ameaça de cair, o fim da ExpoGaspar, o caos no lixo e o aumento de preço desmedido, a falta de água, o aumento exagerado dos impostos municipais e à perseguição à imprensa livre que se nega fechar os olhos às evidências e à propaganda enganosa. Tem mais. Muito mais. Alguém quer relatá-los (inclusive para a prefeitura)? Ah, não esqueci do fechamento da Rua Cecília Joanna Schneider Krauss ao povo para torná-la um beco para privilegiados, apoiadores de última hora de campanha. Acorda, Gaspar.

Hora extra

A assessoria de imprensa da prefeitura deu pela segunda vez as caras nas férias que quis impor aos veículos locais. Ontem postou a entrega de dois ônibus novos para a secretaria de Educação. Agora, a secretaria tem quatro ônibus para o transporte de escolares e a Fundação Municipal de Esportes, um. O investimento foi de R$424 mil, sendo que a primeira parcela foi de R$26 mil para ter acesso ao Programa Caminho da Escola. Ela foi desenvolsada a vista. O financiamento é do BNDES e o pedido foi feito no governo de Adilson Luiz Schmitt, hoje sem partido.

Campanha 2012 I

A manchete ?Lula acelera gastos no fim do governo e despesas batem o recorde da década? de hoje do jornal O Estado de São Paulo revela que a campanha de 2012 já começou, e ardilmente está sendo instrumentalizada. ?No apagar das luzes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a máquina governamental acelerou os gastos. O volume de empenhos, que correspondem à primeira etapa de uma despesa federal e são uma espécie de reserva de dinheiro para pagar uma determinada mercadoria ou serviço, alcançou R$ 10,093 bilhões no mês de dezembro, até o dia 27, segundo levantamento da organização não governamental (ONG) Contas Abertas.?, revela a reportagem.

Campanha 2012 II

E por que isso? É fácil de entender. Libera a verba neste ano, iniciam-se as obras no ano que vem e em 2012 elas ficam prontas para serem usadas como cartões de visitas para os políticos da base do governo Federal nos municípios. É também, o primeiropasso para 2014. ?O valor, recorde para o ano, se refere apenas aos recursos relacionados a investimentos. O total em 2010, nesse dado parcial, já é o maior da década em termos nominais: R$ 50,307 bilhões. Essas cifras tendem a aumentar até a meia-noite de hoje?,revela o Estadão. Como se vê, só Gaspar está em férias. No governo Federal eles estão trabalhando freneticamente, azeitando a máquina de votos e pensando no futuro. Ingenuidade seria pensar diferente, apesar de que isso, quando não transformada em corrupção, devios e mau uso, favorece a população. Ou seja, teoricamente, é muito bom. Teoricamente.

Campanha 2012 III

?Os empenhos de dezembro de 2010 superam os R$ 6,369 bilhões do mesmo mês em 2009 ou os R$ 4,801 bilhões do fim de 2008. Na última década, só o ano de 2007 registrou um volume maior de gastos de última hora: R$ 15,987 bilhões.O "festival de empenhos" no fechamento de cada ano já faz parte do calendário de Brasília. A correria acontece porque a verba que não passa por esse processo em um ano não pode ser aproveitada no ano seguinte. Uma vez empenhado, porém, o recurso se transforma em "restos a pagar" na virada do ano. Assim, ele pode ser utilizado em 2011 ou até depois?, continua detalhando o Estadão na sua reportagem.

Campanha 2012 IV

?Orçamento. Um dos motivos da concentração de empenhos no fim do ano é a forma como o Orçamento Geral da União é administrado. Como ele normalmente sai do Congresso Nacional prevendo gastos num valor acima do que o governo acredita que terá de receitas, é feito um bloqueio de despesas (contingenciamento) para garantir o equilíbrio das contas. O dinheiro é liberado aos poucos ao longo do ano e, nos últimos meses, uma vez confirmado que a arrecadação ficou acima do que era previsto pelo governo, ocorre um descontingenciamento maior. Os ministérios, então, precisam correr para iniciar o processo de gasto desses recursos, que começa justamente com o empenho?, informa o Estadão.

Campanha 2012 VI

?O Estado pediu ao ministério exemplos de gastos executados no mês, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. "Certamente são gastos relacionados à contratação de projetos e obras ou à compra de equipamentos", acredita Castello Branco. "Não é para custeio", diz. A pasta que aparece em segundo lugar entre as que mais empenharam em dezembro foi o Ministério dos Transportes, também segundo o levantamento. O valor empenhado chega a R$ 1,6 bilhão. Entre os gastos iniciados pela pasta estão o relativo a um trecho de duplicação da BR-101, em Alagoas, estimado em R$ 100 milhões, e obras na BR-364, no Acre, também estimadas em R$ 100 milhões. Estão na lista, ainda, R$ 25 milhões para a via expressa de Salvador e R$ 50 milhões para a manutenção da malha da BR-116, em Minas Gerais", detala o jornal. Perguntar não ofende: e a duplicação da BR 470? Quanto Gaspar e o Vale do itajaí foram aquinhohados? E olha que temos representantes da região e do PT no Congresso, como o deputado Décio Neri de Lima e a senador Ideli Salvatti.

Campanha 2012 V

?Gravidade. O elevado volume de empenhos de última hora e o consequente acúmulo de restos a pagar virou um problema que já chamou a atenção do Tribunal de Contas da União (TCU). O tribunal vem destacando o volume crescente, fato que se agravou depois do lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).Como o andamento das obras do PAC é lento, acumulam-se restos a pagar. Em 2009, por exemplo, o governo federal tinha R$ 57,068 bilhões para investir, mas a conta de restos a pagar das obras contratadas nos anos anteriores era de R$ 50,850 bilhões.A estimativa da área técnica é a de que Lula deixará para sua sucessora, a presidente eleita Dilma Rousseff, restos a pagar da ordem de R$ 85 bilhões a R$ 90 bilhões. Nessa cifra estão incluídos todos os gastos do governo, como investimentos, salários e aposentadorias, entre outros", explana o Estadão na sua reportagem.

Lula reclama I

Ontem ao ?inaugurar? virtualmente uma agência do INSS, em Caetés PE (sua terra natal), Luiz Inácio Lula da Silva, PT desabafou: ?nós contratamos quase 5 mil peritos. Eles foram ingratos comigo, fizeram uma greve aí, depois da gente tirar eles [do salário] de R$ 2 mil para R$ 14 mil por mês. Fiquei muito chateado. É importante terminar o mandato dizendo que fiquei muito chateado porque ganhavam quase nada e nós elevamos para R$ 14 mil, e o agradecimento foi fazer uma greve pedindo mais?. Lula, o sindicalista sabia o que estava falando.

Lula reclama II

"Um presidente que está com a popularidade do Lula pode falar tudo, inclusive não falar coisas verdadeiras. Em momento algum nós pedimos um centavo de aumento. O presidente está falando uma grande besteira, está mal assessorado. Nós pedimos melhores condições de trabalho, segurança, logística nas agências e maior contratação de pessoal. Hoje, temos uma deficiência de 1,5 mil peritos. Além de inaugurar agência, o presidente precisa melhorar o quadro. Reitero que o presidente está fazendo uma crítica equivocada", rebateu o presidente da Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência, Carlos de Teive e Argolo.

Lula reclama III

 Um sindicalista sabe o que fala e faz, ainda mais quando se é médico. Não pediu um centavo porque já tinha ganho milhares deles e ficava indecoroso pedir mais. Entretanto, insatisfeito e vendo a moleza que teve quando saiu dos vencimentos de R$2 mil para R$5 mil, o doutor Carlos pediu outras coisinhas, digamos assim. Resumindo: parou tudo da mesma forma no atendimento para os doentes, estropiados, fracos e pobres à espera de uma perícia e que na maioria recebem pouco mais de R$500 por mês por 40 horas de trabalho duro. Bonito, não é doutor? É assim que funciona o sindicalismo de resultados.

Comentários

Herculano
31/12/2010 15:50
CASO CESARE BATTISTI/REAÇÃO ITALIANA

Hoje cedo postei o comentário abaixo. Veja agora a reação, esperada, do governo italiano sobre a decisão brasileira, segundo a agência internacional Dow Jones e a brasileira Agência Estado.

É incompreensível no mundo jurídico a decisão do governo e do presidente Lula no caso. Ao deixar a decisão deste caso para o último minuto de governo Lula sabia, exatamente a bobagem que fazia e do risco que corria. Ficou exposto por nada ao defender um criminoso, julgado num processo legítimo e aberto. Defendeu um criminoso por ele afirmar que era ou é de esquerda (?). Apenas isso.

Na imprensa brasileira, o gesto de Lula também não encontra defensores (a não ser tímidos ensaios na revista oficial do partido e do governo, a Carta Capital). O risco é tão alto, que esta decisão vai arranhar substancialmente a excelente imagem que Lula desfrutava no exterior até então tanto aos olhos dos governos, da imprensa e dos formadores de opinião. Pior, no Brasil, Lula poderá ser desautorizado e desmoralizado pelo Tribunal Superior Federal (que já recomendou a extradição de Battisti) e que acionado pela Itália (como promete), mais uma vez, poderá confirmar esta posição. Se estivesse no governo, Lula poderia até sofrer um processo de impeachment.

O assunto está nos portais internacionais e as grandes redes de notícias. Estrapolou a Itália, a principal interessada no caso. Mostra um comportamento doentio, infundado nos direitos humanos e juridiamente, além de suportado por uma ideologia que autoriza matar opositores. O ato e a notícia está ofuscando e ao mesmo tempo associado à posse amanhã de Dilma Vanna Rousseff.

Veja o noticiário internacional que lhes prometi.

A Itália chamou seu embaixador no Brasil, Gherardo La Francesca, para consultas depois da notícia de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que o ex-ativista Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua por quatro assassinatos na década de 70, vai continuar no País, não sendo, portanto, extraditado para a Itália.

Segundo o jornal italiano Corriere Della Sera, o primeiro ministro italiano, Silvio Berlusconi, prometeu continuar a "batalha" pela extradição de Battisti. "Gostaria de expressar minha profunda tristeza e pesar pela decisão tomada pelo presidente Lula para negar a extradição do assassino Cesare Battisti, apesar de repetidos apelos e pressões em todos os níveis do lado italiano. É uma opção contrária ao mais elementar sentido de justiça", disse o premiê. E acrescentou: "Expresso às famílias das vítimas a minha solidariedade, minha proximidade e o compromisso de continuar a batalha para que Battisti seja entregue à justiça italiana. Consideremos a questão longe de estar fechada: a Itália não vai desistir de fazer valer os seus direitos em todos os níveis."


Carlinhos
31/12/2010 13:24
Dr Herculano, o novo ano já nasce sob suspeita em Gaspar, digo isto pq alguma coisa esta errado no reino da suiça, como sempre.

Fica aqui o alerta para os interessados, o senhor prefeito firmou acordo com a caixa economica para construir o residencial Milano, onde era o terreno que deveria ser construito o capitão lamarca, terreno este do municipio de gaspar, adquirido por Adilson, ou não, é?

A grande pergunta e ponto de interrogação, esta justamente no terreno, pois a caixa economica ira construir o pombal em um terreno adquirido de uma Moser, pq agora para construir o tido residencial o municipio vai ter que disponibilizar o imovel de nossa propriedade.

Assim Dr Herculano é muito estranho o que esta acontecendo aqui, quando o pombal seria constrido do poço grande o terreno iria ser adquirido, agora que vai ser construido na coloninha o terreno é doado, pelo municipio.

Será que em troca do terreno que irão ganahar de graça, vão dar um escola ou uma creche.

A luz vermelha deve ser acesa.


Herculano
31/12/2010 12:06
Como último ato de governo, como se fosse um rei (que perdoa e condena num senso de justiça particular), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PT, após enrolar, esconder e ouvir seus "conselheiros", resolveu livrar da cadeia um assassino, o italiano Cesare Battisti. Ministro Celso Amorim, das Relações Exteriores, um dos pais desta ideia, estufou o peito e justificou: "foi uma demonstração de soberania". Como? E para esta demonstração escolhemos um assassino.

A Itália, que concedeu cidadaniaa mulher de Lula, está tiririca. Ameaçar retaliar. O PT duvida. É uma aposta perigosa. Para encurtar, coloco a seguir parte da história deste caso, para os que não conhecem o assunto. Ela foi escrita por Ricardo Setti, colunista do portal da revista Veja. O título do artigo de Setti é: Lula avoca a si a decisão do caso Battisti. E terrorista que matou 4 pessoas provavelmente ficará livre da cadeia.

Battisti, hoje dedicado a atividades intelectuais e amigo de muita gente na esquerda brasileira, foi terrorista perigoso, assassino de quatro pessoas no tempo em que militava, no final dos anos 70, na organização clandestina italiana Proletários Armados pelo Comunismo (PAC).

Sempre negando a autoria, ele foi condenado em 1988 à prisão perpétua pela Justiça de Milão, na Itália, por ?homicídios hediondos?, andou foragido no México, na França e finalmente se instalou no Brasil. A Itália, invocando tratado em vigor que assinou com o Brasil, pediu sua prisão e posterior extradição. A Polícia Federal o prendeu e o mantém até hoje numa de suas carceragem em Brasília. O pedido de extradição acabaria sendo julgado a 19 de novembro do ano passado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O SUPREMO DECIDIU NÃO DECIDIR

Numa decisão esdrúxula, espantosa, o Supremo, na primeira parte da sessão de julgamento, resolveu por 5 votos a 4 que os crimes cometidos por Battisti não tiveram caráter político, diferentemente do que alegava sua defesa, e aprovou o pedido de extradição formulado pela Itália.

Na segunda parte da mesma sessão, contudo, pelo mesmo placar de 5 votos a 4, o Supremo ressalvou que, por se tratar de ?um caso de política internacional?, apenas autorizava o governo a extraditar o criminoso. A palavra final seria do presidente da República. Foi como se o Supremo tivesse decidido não decidir.

A previsão generalizada de quem conhece o presidente e os meandros do poder em Brasília é a de que Lula, contrariando um país amigo, a Itália, e vários outros países amigos integrantes da União Européia, vai preferir contentar os ?companheiros? de esquerda ? ele, que já declarou nunca ter sido de esquerda ? e deixar o criminoso Battisti levar uma vida normal no Brasil, sem jamais pagar pelos quatro assassinatos que cometeu.

Se assim for, prevalecerá a tese absurda levantada na época pelo então ministro da Justiça, Tarso Genro, segundo a qual Battisti era vítima de ?perseguição política? na Itália ? como se na Itália vigorasse uma ditadura, e não um regime democrático. O que ocorreu na Itália foi o julgamento de um assassino pelas leis democráticas do país, com direito a ampla defesa, por um tribunal legalmente constituído.


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