08/03/2011
Carnaval
Como aqui está tudo na mesma, só fantasia, máscaras, festa, feriadão (mais um depois das longas férias de 33 dias) e circo sem pão, é hora esclarecer algumas coisas que se escondem na aldeia e bailes populares dos foliões de plantão. Afinal, hoje é a Terça-Feira Gorda. Gorda?
Imprensa golpista I
No Brasil de ontem, políticos de verdade temiam a Oposição. Inteligente, estruturada, com líderes referências, ideológica e também, em alguns casos, bravateira e interesseira apenas no poder. Em qualquer governo, contudo, a Oposição (seja qual fosse) tinha arsenal e poder de fogo (real). Era respeitada ou temida. No Brasil de hoje, depois que o PT (um exemplo de Oposição dos velhos tempos de FHC, PSDB, DEM e PMDB que o digam) conquistou legitimamente pelo voto o poder, falta-nos, verdadeiramente, Oposição (PSDB, DEM e PPS são hoje, arremedos ).
Imprensa golpista II
O PT tratou de desmanchar o que poderia se chamar de uma Oposição. Intimidou-a, aliciou-a, esvaziou os discursos, ofereceu-lhe ?vantagens? pessoais ou para grupos, cargos comissionados e a desmoralizou. Fez isso, exatamente, por não admitir ou conseguir conviver com a pluralidade (que sempre pregou) e o contraditório. E para corromper, criou então coisa como o mensalão, dólares na cueca, ?alianças? de poder, ou os chamados ?recursos de campanha não contabilizados (?)?, desmoralizou o Legislativo, desafiou o Judiciário, e desacreditou de um modo geral a imprensa.
Imprensa golpista III
Surgiu ai dois termos: petralhas ? a soma de PT com Irmãos Metralhas no senso de transgredir os códigos éticos e penais ? e o PIG ? Partido da Imprensa Golpista. O primeiro já está dicionarizado e quem o criou foi Reinaldo Azevedo, blogueiro da Revista Veja. O segundo foi rotulado pelos petralhas como resposta à análise aguda, à investigação e divulgação pela imprensa livre dos desmandos de toda a sorte comandados pelo PT. Coincidentemente, a mesma imprensa e articulistas que abrigaram ideias, denúncias, as quais alavancaram o PT nacionalmente. E este rótulo nasceu exatamente da ausência de uma Oposição séria, consistente e ativa aos desmandos administrativos do poder ou nos desvios éticos, inacreditáveis para um partido, o PT, o qual sempre se dizia o único guardião moral e ético neste fundamental quesito deste país.
Imprensa golpista IV
Ausente a (ou uma) Oposição, no regime democrático as denúncias e investigações fluíram de forma natural pela grande imprensa nacional. Ela ocupou este espaço dos políticos de Oposição. E ela não deu tréguas, mesmo sob ameaça de censura, processos, estrangulamento financeiro e desqualificação editorial ou de seus donos e jornalistas. Segundo o Wikipedia, PIG então é ?um termo usado para se referir a jornalistas tidos como adeptos da direita política, que se utilizariam da grande mídia como meio de propagar suas ideias e tentar desestabilizar governos de orientação política diversa?. Sabe-se hoje, que não se trata de direita ou esquerda, mas todos que ousam questionar o PT (existe infâmia ideológica mais à direita do que o PP na base do governo petista?). Resumindo: é apenas uma defesa. É uma resposta. É uma justificativa. É uma fuga. E ?petralhas?, afinal o que e quem são?
Petralhas I
Esta palavra já está dicionarizada desde o ano passado. Grande Dicionário Sacconi da Língua Portuguesa, da editora Nova Geração fez isso. O autor é Luiz Antônio Sacconi, dono de vasta obra - mais de 70 livros - na área de gramática e afins. Segundo o dicionário (que não é de direita), é um adjetivo, gíria, e que significa: ?pessoa que, sem nenhum escrúpulo, não vacila em cometer todo e qualquer ato marginal à lei, como usurpar, mentir, extorquir, ameaçar, chantagear, roubar, corromper, ou que defende com ardor ladrões, corrupto, usurpadores, mentirosos, extorsionários, chantagistas, etc, que, porém, posam de gente de bem; jornalista petralha, jornaleco petralha, professor petralha...?
Petralhas II
O autor deste novo vocábulo, Reinaldo Azevedo, considerado um dos membros do PIG, recentemente ao se indignar com a patrulha petista, na tentativa de censurar uma revista do Batman (edição 98,?Ressurreição Diabólica, Editora Panini) e que usou a palavra petralha em um dos balões de diálogos. Reinaldo escreveu: ?O vocábulo fugiu ao meu controle e foi virando sinônimo de gente que não presta. Não é a primeira vez que isso acontece na língua?. E completou: ?nojentos, horríveis, asquerosos, odiosos, sórdidos, malcriados, repelentes, vis, desagradáveis, indecentes, torpes, trapaceiros, vigaristas... Ou seja: petralhas?.
Petralhas III
E por que o PT patrulha e teme esta palavra? Porque à essência dela, a etimologia, vem de histórias infantis e em quadrinhos, mas que no fundo não são nada infantis. Os vilões cães gordos e fictícios, irrecuperáveis, identificados por números, dos artigos do Código Penal no peito, espelham os ardis do mal sobre o bem, onde a cadeia é apenas uma passagem. Antes, eu até achava este termo uma transgressão chula. Hoje, o PT tratou de referendá-la. E é isso que o PT e os petistas mais temem.
Petralhas IV
Petralhas nada mais é do que a junção de PT com Irmãos Metralhas (The Beagle Boys, de Walt Disney e Carls Barks em 1950/51), personagens mascarados, gangue de criminosos, que unidos, vivem felizes de trapaças, delitos, fugas, prisões e outros contratempos. O PT teme, e com razão, como algo que lhe pode estigmatizá-lo e superar ou sobrepor ao seu ideário original (que ele próprio joga na lata do lixo com a prática política e administrativa cotidiana). Teme, mas não consegue recusar nas atitudes reais de muitos de seus membros. E aí tudo fica difícil. Resta apenas temer, refutar, acusar, acuar, censurar, aliciar, chantagear, desmoralizar, processar, desqualificar, menosprezar e chamar os que desnudam a farsa, como membros do PIG. Falta-lhes, por enquanto, argumento sólido e desejo de mudanças. Sobra-lhes sordidez.
edição 1272
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