Arroz em decadência - Jornal Cruzeiro do Vale

A cultura do arroz, que já teve seu tempo de rei das lavouras gasparenses, está cada vez mais minguada no interior do município. Quem sabe das dificuldades que os rizicultores têm valoriza o quanto é pago nas prateleiras dos supermercados. Quem não sabe como anda o setor, apenas reclama do preço ao consumidor.

A política agrária brasileira não é muito fácil de entender, mas funciona segundo uma lógica de mercado financeiro, onde a moeda é a saca de arroz e a paridade é o Real. Mas que tem suas particularidades. Quando a demanda se eleva, ela não injeta recursos automaticamente na produção, ponta inicial da cadeia.Essa injeção só será sentida no início da próxima safra, que é sempre uma aposta do produtor, e que muitas vezes sofre mais os efeitos de uma recessão e demora mais a colher os frutos dos bons ventos da economia.

Assim, a safra de arroz também não gera um consumo imediato. Depois de colhido e armazenado, as sacas também são armazenadas como moeda, aguardando até que o produto tenha alta para ser comercializado. Se o preço cai, não é aconselhável vender. Preços em alta fazem os armazéns esvaziarem.

No meio disso tudo, está o processo de beneficiamento, etapa da produção que gera os maiores recursos, empregos e impostos da cadeira produtiva. Se a cidade tem mais de uma empresa que realiza este trabalho, o preço fica competitivo, o produtor ganha mais e o mercado agradece. Em Gaspar, algumas companhias estão indo embora, outras estão sendo vendidas e o excelente mercado para produzir e vender arroz corre o risco de ficar apenas na memória dos gasparenses.

Edição 1362