Não importa qual o problema ou a limitação da sociedade organizada. Quem acaba pagando a conta e sofrendo as consequências é a população, o povo, as pessoas que dependem dos órgãos públicos e das condições básicas de cidadania e, por que não, de sobrevivência.
O caso dos atentados criminosos, que até pouco tempo atrás era privilégio de grandes cidades, é nosso exemplo mais emblemático. Ônibus e carros incendiados em plena luz do dia ou durante a madrugada, tiros contra viaturas e delegacias de polícia, violência explícita para pressionar o governo a melhorar a política de privilégios dentro dos presídios. E fora deles, como ficamos?
Toda falta de investimento dos governos que se sucedem e a negligência para com diversos segmentos da sociedade, como segurança, emprego, renda e cidadania, acabam por desaguar no medo que todos sentimos quando saímos à rua nos últimos dias. Qual pai consegue dormir tranquilo enquanto seu filho não volta da rua, dependendo de transporte público?
Isso mostra mais uma vez que, no Brasil, o crime é organizado, enquanto a polícia e os órgãos competentes são desorganizados, mal aparelhados, mal remunerados, desmotivados e desqualificados. Há algumas exceções nesta regra, é claro. Mas em geral estamos assistindo a uma demonstração de inércia e ineficácia de um sistema corrupto e incompetente, em nível estadual e até mesmo federal.
Investimentos em segurança são sempre curativos para estancar hemorragias graves do sistema. Não se vê, nem a longo prazo, ações que reduzam as diferenças entre o país que temos e aquele que queremos ter.
Edição 1460
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