Alvo principal de uma onda de protestos que fez eclodir o país após quase 20 anos de relativa inércia, o transporte público voltou ao centro das discussões na cidade na tarde desta segunda-feira, com uma audiência no plenário da Câmara de Vereadores de Gaspar. O encontro reuniu representantes do poder público e da empresa que administra o serviço no município e discutiu, sobretudo, os custos atuais do serviço, o impacto da redução crescente no número de passageiros e a equação que forma a tarifa atual de R$ 3,00.
Neste cenário, as gratuidades foram um dos pontos apontados como causadores de uma tarifa maior, já que, segundo dados do município, quase 20% dos usuários são beneficiários. Durante o encontro, foi citado que se não houvesse qualquer tipo de gratuidade a passagem poderia cair em até R$ 0,65. Se na letra fria das planilhas a conta fecha, do ponto de vista comunitário não é possível conceber que se cogite a possibilidade de excluir, por exemplo, o direito de deficientes de se locomoverem sem ter que arcar com os crescentes custos do serviço.
Outros temas foram citados no encontro, mas a maior parte deles ligados apenas à tarifa e aos custos da empresa. Da maneira atual, o debate sobre transporte público no município repete o dilema Tostines que ocorre em boa parte do país, quando empresas atribuem as altas tarifas à queda no número de passageiros e os passageiros justificam a adesão a outros modais por causa das altas tarifas. Mais do que pequenas reduções ou reajustes, o que precisa ser discutido é uma política pública de transporte, como já ocorreu com a saúde e com a educação. A juventude já nos alertou que o problema é maior do que alguns centavos.
Edição 1510
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