Saúde fragilizada - Jornal Cruzeiro do Vale

O assunto da semana em Gaspar foi a morte da menina Ana Luísa Gonçalves, de apenas três meses, que morreu após ter atendimento negado no Hospital de Gaspar, na tarde de terça-feira, 2. Situações como uma possível reação à vacina aplicada em Ana Luísa, a demora na definição de um exame pós-morte e a própria falta de atendimento no hospital despertaram preocupação, dor e indignação até mesmo em quem não mantinha nenhum vínculo familiar com a criança.

O caso expõe a fragilidade do nosso sistema de saúde, que acumula vítimas em todos os cantos do país. Unidades de saúde com número de médicos insuficiente, profissionais mal-remunerados e hospitais sem a estrutura necessária para atender a população fazem com que os pacientes precisem passar por um verdadeiro vestibular para mostrar quem realmente necessita de atendimento.

Não raro vemos especialistas alertando que espaços de urgência e emergência de hospitais devem ser usados, como os nomes sugerem, apenas em urgências e emergências. No entanto, profissionais de saúde não podem se valer disso para dispensar o processo de triagem e exame prévio para identificar o que o paciente efetivamente apresenta e saber se é grave o bastante, como se constatou no caso de Ana Luísa. Ao contrário do que alguns especialistas defasados sugerem, ninguém vai ao hospital público por gostar do ambiente ou de ler revistas da sala de espera.

A dor da família de Ana Luísa não irá cessar. A revolta de toda a comunidade pela vida que se perdeu em meio a um impasse sobre quem atende quem, idem. O caso precisa servir agora para efetivar mais empenho e responsabilidade de quem trabalha com serviços de urgência e, paralelamente, mostrar que as investigações e sindicâncias prometidas no afã do problema conseguirão apontar os erros e os responsáveis.

Edição 1477