Solitários xerifes - Jornal Cruzeiro do Vale

Solitários xerifes

09/10/2015 10:15

Uma antiga ilustração em quadrinhos, conhecida de policiais, dizia que quando a família, a educação e o Estado falham, a sociedade costuma esperar que o policial resolva a situação sozinho. Assim parece ser a situação recente em Gaspar. O trânsito, um dos maiores calcanhares de Aquiles da cidade, é um exemplo. Com filas quilométricas na região da Margem Esquerda há pelo menos duas semanas e congestionamentos também em outras regiões da cidade, os moradores estão perto de perder a paciência. Bate-bocas pela internet e até um caso de agressão a um agente de Área Azul nesta quinta mostram o tamanho do nervosismo que acomete a população.

No entanto, o problema parece não estar apenas no trânsito. Projetos de lei questionáveis, como o que tenta garantir assistência jurídica a servidores do alto escalão, ocorrências de furtos e roubos nos bairros, ameaças de redução de horários em CDIs e de oficinas culturais nas escolas e os sempre alvejados postos de saúde e PA do hospital também são assuntos responsáveis por fermentar níveis de insatisfação em parte dos gasparenses. E nesse contexto, sem ter muito a quem recorrer, muitos veem na imprensa, ou então em entidades como o Ministério Público, o papel do solitário xerife da antiga tirinha. Gaspar conta com uma imprensa atuante, crítica, às vezes onipresente, que aponta caminhos para o futuro e a melhoria da cidade, mas seu papel na função de transformação social está submetido a um limite. As mudanças que vão além desse alcance precisam ser aceitas e abraçadas pelo poder público e pela comunidade em geral. Caso contrário, a imprensa será apenas uma voz ecoando para o vazio.

 

Edição 1719

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