Luto: Gaspar se despede de Irineu de Souza - Jornal Cruzeiro do Vale

Luto: Gaspar se despede de Irineu de Souza

01/08/2025

Gaspar começou o mês de agosto em luto. Faleceu na manhã desta sexta-feira, dia 1º, no Hospital Santo Antônio, em Blumenau, Irineu de Souza, morador da localidade de Arraial dos Claudinos. Ele deixa a esposa Gertrudes Claudina de Souza, com quem era casado há 69 anos e formou uma grande família, composta por 10 filhos, 24 netos e 18 bisnetos.

O corpo de Irineu será velado na Capela Santa Luzia a partir das 16h desta sexta, dia 1º. O sepultamento está marcado para as 10h de sábado, dia 2 de agosto.

Em maio deste ano, quando Irineu e Gertrudes completaram 69 anos de união, o Cruzeiro do Vale publicou uma matéria especial relembrando toda a trajetória do casal. Leia: 

De mãos dadas pela vida inteira

Irineu de Souza e Gertrudes Claudina de Souza formam um casal que atravessou o tempo lado a lado. Aos 69 anos de casamento, eles colecionam histórias de amor, superação e cumplicidade, tornando-se inspiração para os filhos, noras, genro, netos e bisnetos.

Entre sorrisos e lembranças, mostram que o segredo de uma vida a dois está na paciência, no respeito e na alegria de compartilhar cada momento - seja ele bom ou desafiador. Esta história de quase sete décadas de matrimônio é mais do que uma marca no tempo: é um exemplo vivo de que o amor pode, sim, durar uma vida inteira.


O início de uma linda história de amor

O namoro de Irineu e Gertrudes começou de forma simples, como os grandes amores de antigamente. Ela tinha 17 anos e ele, 24. Eles se conheceram no casamento de Benedito Aleixo Schmitt e Odete Schmitt e se encontraram pela segunda vez na festa de São Pedro, onde começaram a namorar.

Naquela época, tudo era diferente. Os encontros aconteciam apenas aos finais de semana, e não existia a facilidade da comunicação de hoje. Irineu pegava sua bicicleta e pedalava até a casa de Gertrudes. Ele lembra que, muitas vezes, voltava tarde para casa e acabava caindo da bicicleta no caminho por conta da escuridão e situação da estrada. Entre as lembranças, também não faltam as histórias de quando ele ia visitar a namorada e sempre levava balas para os cunhados.

Depois do namoro, veio o casamento. Eles escolheram o dia 26 de maio de 1956 para o início da sua família. A cerimônia foi realizada na Igreja Matriz São Pedro Apóstolo e a festa aconteceu na casa dos pais de Gertrudes, reunindo a família e os amigos para celebrar o começo da vida a dois.

O trabalho

Irineu sempre foi um homem de muito trabalho, daqueles que se dedicam de corpo e alma para garantir o sustento da família. Desde jovem, trabalhou com transporte de cargas, rodando as estradas em seu caminhão. Levava fumo para a Souza Cruz; cana-de-açúcar para a Usina São Pedro e para a Cachaçaria de Solano Schmitt, no Macuco; e fazia fretes de lenha, madeira e farinha. Além do transporte, Irineu também teve outros empreendimentos. Foi sócio de uma olaria com o irmão, onde fabricavam tijolos. Em 1970, investiu em uma pedreira para extração de paralelepípedos, no bairro Bateias.
Trabalhou com transportes até a década de 1980, sempre disposto a encarar o que fosse preciso para garantir o sustento da família. Como diz sua esposa: "se tem homem que trabalhou igual a ele, é difícil encontrar. Fazia o que vinha”.

Todo o esforço de Irineu sempre teve um objetivo: garantir o conforto e o sustento da família. A primeira casa da família foi uma construção humilde, às margens da Rodovia Ivo Silveira. Em 1968, quando o casal completou 12 anos de casados, ele construiu a segunda casa da família, de madeira, próxima ao terreno onde, anos mais tarde, ergueu a casa em que vivem até hoje.

Gertrudes nasceu na entrada do Macuco e, como muitas mulheres da sua época, dedicou sua vida ao cuidado da casa e dos filhos. Com uma rotina cheia de afeto e dedicação, ela garantia o aconchego do lar em cada detalhe.
Entre suas habilidades, estava o preparo de pães caseiros (eram feitos oito a cada dois dias), roscas, cucas e uma variedade de pratos. A comida feita por ela não era apenas alimento: era expressão de cuidado, amor e tradição, ingredientes fundamentais para manter a família unida e feliz.


Rotina tranquila e casa cheia de amor

Quem passa em frente à casa do casal por volta das quatro ou cinco horas da manhã percebe uma movimentação. Isso porque Irineu mantém o hábito de acordar cedo. Ainda com disposição, acende o fogão a lenha, faz o café e coloca o feijão para cozinhar (deixado organizado no dia anterior pelas cuidadoras). Em alguns dias, ele também prepara sua polenta para comer com leite, um costume antigo que cultiva até hoje. Quando a esposa se levanta, por volta das 7h30, o cheirinho de comida já toma conta da casa, e o feijão está quase cozido.

Gertrudes, aos 89 anos, tem a rotina tranquila de uma senhora que já viveu e se dedicou muito. Mesmo com algumas dificuldades para caminhar, ela é cuidadosa e amorosa. E sua memória continua afiada: lembra de datas, fatos e histórias.
Hoje, a rotina do casal é acompanhada de perto pelas cuidadoras, que se revezam durante a semana para ajudá-los. Aos finais de semana, sempre há um filho junto para fazer companhia e dar todo o suporte necessário. Além disso, a casa está sempre cheia de visitas: filhos, netos, bisnetos e amigos que vêm para matar a saudade e compartilhar momentos.


Um legado de amor

O amor de Irineu e Gertrudes se transformou em um legado para as próximas gerações. Ao longo de 69 anos de casamento, eles construíram uma família numerosa e cheia de histórias para contar: são 10 filhos (Mário Jorge, Maria Mercedes, Paulo José, Cláudio, Francisco Solano, Salésio, Sérgio (em memória), Alberto, Roberto e Luiz Carlos), 24 netos e 18 bisnetos. E este número vai aumentar até o final do ano, com a chegada de mais dois bisnetos.

Cada membro dessa grande família carrega um pedaço da história de Irineu e Gertrudes — seja no sabor das receitas da matriarca ou nos ensinamentos de trabalho do patriarca. Juntos, eles construíram muito mais do que uma família: criaram um legado de amor, de simplicidade, devoção e de fé na vida, um exemplo que atravessa gerações e inspira todos que têm o privilégio de fazer parte dessa história.

 

 

Edição 2211

 

Comentários

Deixe seu comentário


Seu e-mail não será divulgado.

Seu telefone não será divulgado.