“A-E-I-O-U, U-O-I-E-A! Eu aprendi a ler, aprendi a cantar. E foi na capoeira que eu aprendi a jogar”. É com o característico som do berimbau que o professor Sérgio Silvestre Pereira Carvalho Mello, mais conhecido como Kiko, dá início às suas aulas de capoeira. Com muita dedicação e uma maneira divertida de ensinar, ele reúne aproximadamente 70 pessoas, entre crianças, jovens e adultos, todas às sextas-feiras à noite na Escola Ivo D’Aquino para um trabalho voluntário de amor a capoeira. “Capoeira é harmonia, é amor no coração. Capoeira tem criança, o futuro da nação”.
Entre um golpe e outro, Sergio afirma que a capoeira é um misto de muitos aprendizados. “Um esporte cultural, uma luta marcial. Tem musicalidade e dança. A capoeira é uma arte”, diz. A partir desta visão, o professor, que integra o grupo de capoeira Mar de Itajaí, decidiu compartilhar o seu conhecimento com a comunidade de Gaspar há cerca de um mês. “Eu já desenvolvia meu trabalho em Itajaí, onde eu estou sempre aprendendo mais. Então pensei: por que não trazer isso para a minha cidade? Quero inserir as pessoas a minha volta nesse esporte tão versátil e bonito”.
Como todo professor, o amor pelo que faz move o coração de Sérgio, que não cobra pelas aulas e dedica seu tempo na sexta-feira, após o trabalho, para o próximo. “Doar o meu tempo para ensinar a capoeira para crianças e adultos é um prazer. Eu sou recompensado com muita empolgação, positividade e respeito dos alunos”. Ele, que foi bem recebido por crianças e familiares, ainda almeja se tornar mestre de capoeira. “Como todos os professores da área, eu sonho em chegar lá. Estou prestes a subir para o segundo grau e, logo poderei realizar esse sonho”.
De acordo com Valéria Lino Pereira, diretora da Escola Ivo D´Aquino, as aulas de capoeira prometem refletir no futuro das crianças. “Esperamos que os alunos assimilem os valores que estão inseridos no contexto da capoeira, como respeito ao próximo, ética, comportamento proativo, dentre outros”. Segundo a diretora, é importante que todo tipo de esporte seja incentivado. “Todos os esportes deveriam ter o apoio por parte dos órgãos competentes, assim como a educação, que precisa ser tratada como prioridade em qualquer governo, em qualquer gestão”.
Quem reafirma a fala da diretora é David Aquia Alves de Souza, pai de Andrew, um dos alunos que fazem parte do projeto de Sérgio. “É muito bom saber que o meu filho gosta de ir à escola porque além das disciplinas tradicionais eles incentivam o esporte, o que motiva ainda mais as crianças. Na rua eles estão vulneráveis ao que não presta. Já na capoeira, eles aprendem a ser um bom cidadão e a respeitar ao próximo como companheiro“, conta o pai, que acompanha as aulas do filho.
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