Presidente da FME avalia presente e projeta futuro - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Thiago Moraes

Entre argumentos favoráveis à atual política esportiva e avaliações realistas quanto ao futuro do esporte em Gaspar, Renato Zimmermann, diretor-presidente da Fundação Municipal de Esportes de Gaspar, FME, foi entrevistado pela reportagem do Jornal Cruzeiro, na sede administrativa da entidade, situada no complexo esportivo João dos Santos, no bairro Poço Grande. Fundada em dezembro de 1992, Renato está à frente da fundação há cinco anos, e tem adotado a política esportiva de promover áreas de recreação e lazer para a prática do esporte comunitário e investimentos em algumas modalidades de rendimento, em especial nas categorias de base.  

Com o foco voltado em áreas de lazer para as comunidades nos bairros de Gaspar e em alguns esportes com o olhar fixado nas categorias de base até os 16 anos de idade, Renato ressalta que tudo passa pela questão orçamentária. ?Temos um orçamento de R$ 1.200.000 anual para se trabalhar entre ações em benefício à comunidade como construções e manutenção dos complexos esportivos e o apoio aos esportes de base e algumas modalidades onde temos representantes de Gaspar. A folha de pagamento e manutenção de nossa sede também está incluída em nossos custos. Não é fácil, pois quando se fala em esporte tudo sempre é muito caro?, analisa.         

Segundo o dirigente da FME, a relação com a comunidade de Gaspar tem se fortalecido por meio de polos esportivos. De acordo com Renato, quando se fala em investimentos no esporte, em tese logo se pensa priorizar investimentos em outras áreas, como educação e saúde por exemplo. No entanto, quando se tem uma mentalidade empreendedora de se investir no esporte a médio e longo prazo para se formar não somente atletas como também cidadãos, o objetivo é alcançado. ?Comemoro comigo mesmo todas as vezes que passo em frente aos nossos complexos e vejo a comunidade praticando esporte e tendo um espaço para passear com a família nos finais de semana. Complexos de esportes em regiões como o do Poço Grande, da Vila Isabel e do bairro Bela Vista, onde estamos providenciando melhorias nos arredores do ginásio, tem estreitado nossa relação com a sociedade de Gaspar?, comenta. Em maio, a FME irá inaugurar a área esportiva e de lazer no bairro Gaspar Mirim. A Arena Multiuso, no bairro Margem Esquerda, está em processo de obras. ?Temos os parques recreativos nos bairros Figueira, e na região do Barracão e Bateias. Estamos fazendo um estudo para se investir no Santa Terezinha?, informa.    

Renato sublinha que a manutenção nestas áreas esportivas e de lazer é um problema, devido a qualquer loteamento que a construção imobiliária faça precisar ter uma área verde de lazer e esportes. ?Temos manutenção de limpeza de nossas praças esportivas oficiais, mas precisamos do apoio da comunidade para que estas áreas sejam duradouras. Muitos jogam seus entulhos de casa nestas áreas de lazer e esportes. Fora o fato de muitas comunidades não desejarem ter um pólo esportivo perto de suas casas devido ao barulho e à aglomeração de pessoas?, observa Renato, de 52 anos. 

?Estamos atrás de outro craque, o dos esportes?

Em uma gestão que tem como missão fazer um transplante de realidade no esporte de Gaspar, Renato Zimmermann ressalta que muitos querem ver Gaspar aparecendo nas grandes competições. ?Mas como conseguir sem patrocinadores??, questiona Renato.

O diretor-presidente da FME aponta outros rumos para o esporte gasparense, como o projeto de Iniciação Esportiva, onde professores contratados pela FME lecionam em escolas para captar atletas que têm afinidade com as modalidades oferecidas do momento. O projeto revelou a atleta de vôlei Mariana Tamires Casas, natural de Gaspar, e recentemente convocada à Seleção Brasileira de base. ?Infelizmente não temos ainda a estrutura necessária para permanecer com atletas deste nível técnico? conta. 

Para Renato, o parâmetro que deve ser estabelecido é de valorizar o atleta da terra. Investimentos como em ?atletas de aluguel? para disputar os Jogos Abertos não estão nos planos. ?Não é prioridade Gaspar aparecer ?para a torcida? nos Jogos Abertos. Quem conhece os bastidores do esporte sabe que Blumenau, por exemplo, não teve vínculo com a comunidade em ações como a de complexos esportivos. Em Blumenau, houve tempos que 95% do orçamento estavam comprometidos em se investir em atletas de fora nos Jogos Abertos?, avisa.    

Caso se conseguisse um aporte para Gaspar ter um time com atletas de fora para competir em torneios nacionais, Renato pondera sobre o legado que ficaria para o município. ?Estas empresas patrocinadoras já vêm com atletas de fora e com um planejamento empurrado para as fundações e prefeituras. E o que ficará de legado quando o campeonato terminar? Precisamos estabelecer nossas prioridades, investir em nossa garotada e aumentar o vínculo com a comunidade?, salienta.

Mais do que formar atletas de alto rendimento, Renato observa que a FME está atrás de craques de esportes e de cidadania. Segundo Renato, a insegurança atual é fruto de pouco investimento no esporte de base, o que resulta em legiões de jovens percorrendo o caminho das drogas, como o uso do crack. ?O esporte é um meio poderoso para formar uma sociedade mais cidadã de seus direitos e deveres. O resultado da violência atual é o uso desenfreado dos jovens de drogas como o crack. Nós estamos atrás dos craques dos esportes e da cidadania?, enfatiza.

Nos esportes onde Gaspar tem times representando o município, a FME, de acordo com Renato, dá o suporte com a logística e o material esportivo, dependendo da e do limite orçamentário.     

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