Quase 250 mil catarinenses entraram para a situação de pobreza e extrema pobreza de 2019 para cá. Hoje, são 718 mil pessoas no estado com essas características, segundo dados do IBGE. Em Gaspar, o número de pessoas na mesma situação econômica e social vem aumentando. Há três anos, cerca de 500 pessoas entram anualmente nessas estatísticas.
Conforme dados da Secretaria de Assistência Social de Gaspar, em setembro de 2021 mais de 1.650 pessoas estavam cadastradas em planos do governo para auxílio a pessoas em pobreza e extrema pobreza. Em setembro de 2022, os números aumentaram para 2.178. E em maio de 2023, a estatística aumentou para 2.611 pessoas.
“Gaspar, por ser uma das cidades que mais gera empregos no estado, recebe migrantes diariamente devido à qualidade de vida. No entanto, essas pessoas geralmente chegam em busca de uma oportunidade, sem nenhuma proposta, e possuem baixa escolaridade e pouca qualificação profissional, o que dificulta sua inserção no mercado de trabalho. Além disso, Gaspar também recebeu nos últimos anos ondas imigratórias, inicialmente de haitianos e agora de venezuelanos e de outras nacionalidades africanas. Essas pessoas enfrentam grandes dificuldades devido à língua e às diferenças culturais, o que também afeta sua inserção no mercado de trabalho. Outro fator é a pandemia da Covid-19. Muitas famílias perderam membros que eram os provedores do sustento e durante muitas empresas reduziram o número de vagas”, disse Salésio da Conceição, secretário de Assistência Social de Gaspar, para justificar o aumento no número de pessoas nessa situação na cidade.
- Pobreza: renda per capta mensal de R$109,01 a R$218
- Extrema pobreza: renda per capta mensal de até R$109,01.
Paralelo ao trabalho da Assistência Social, a Conferência Vicentina de Gaspar realiza uma ação de assistência social há mais de 70 anos e atende famílias em pobreza ou extrema pobreza na cidade. Até setembro deste, a entidade tinha 643 famílias cadastradas. Considerando uma média de cinco pessoas por família, dados da Conferência mostram mais de 3.200 pessoas em situação de pobreza ou extrema pobreza em Gaspar.
Em Santa Catarina, de 2019 até o ano passado, houve uma variação de 44,53% no CadÚnico (sistema do governo federal que mede pessoas em pobreza e extrema pobreza) – passando de 1,1 milhão de cadastrados para 1,6 milhão. Blumenau, Florianópolis e Joinville, juntas, concentram 57,76% das pessoas em extrema pobreza no estado.
Mesmo diante dos dados alarmantes no estado de Santa Catarina, um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e Banco Mundial, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, aponta que 3 milhões de famílias beneficiárias do programa Bolsa Família no Brasil deixaram a pobreza neste ano.
De 21,4 milhões de famílias no programa, 19,7 milhões estão em situação de superar a chamada ‘linha abaixo da pobreza’: são aquelas famílias que recebem todo mês uma renda per capita superior a R$218 que, pelo padrão brasileiro, é capaz de garantir as condições de tomar café, almoçar e jantar todo dia.
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