A endometriose é uma doença que está longe de ser rara e atinge 10% das mulheres em idade reprodutiva, uma taxa bastante similar à da diabete, por exemplo. Mas é uma doença que leva tempo pra ser identificada, pois estudos mostram que existe a normalização da dor, o que faz com que a estimativa hoje seja de cerca de 8 milhões de brasileiras com a doença e sem o diagnóstico, conforme dados da Sociedade Brasileira de Endometriose.
Ainda de acordo com o levantamento, 57% das pacientes com a doença sofrem com dores crônicas e em 30% dos casos há infertilidade. Portanto, o primeiro passo para melhorar a qualidade de vida dessas mulheres é saber que sentir dor não é normal. O Ginecologista e Mastologista Charles Jean Berger esclarece dúvidas sobre a endometriose:
O que é a endometriose?
Endometriose é uma condição em que as células do endométrio passam a revestir outras camadas, outras áreas do abdômen que não o próprio útero. Isso faz com que haja crescimentos de tecido endometrial (aquele que faz a menstruação todos os meses) em lugares onde não deveria se encontrar. Os ovários, as trompas, o espaço retro uterino, intestino, aparelho urinário, diafragma e até mesmo fora do abdômen como por exemplo endometriose no tórax. Já aconteceu no coração e também nos olhos. Ou seja, aparece em locais onde não há uma explicação lógica pra isso, mas ocorre.
Quais são os sintomas?
É uma doença multifacetária e pode se apresentar soba ótica de diversos sintomas, mas muitas vezes a paciente não apresenta sintomas e o púnico ao longo da vida é a infertilidade, ou seja, a dificuldade de engravidar. O mais comum é que apareçam cólicas importantes, que afastem a paciente da sua zona de trabalho, do seu estudo, e necessariamente uma paciente que tem muita cólica no período perimenstrual (antes, durante e depois do período menstrual) é comum que tenha que tomar analgésico e até mesmo ir ao pronto socorro para ser medicada. Outro sintoma é a dor durante o ato sexual, chamado de dispareunia.
Como é o diagnóstico?
Na maioria das vezes é por imagem. Utilizamos o recurso de ultrassom de mapeamento ou ressonância nuclear de mapeamento para Endometriose. Ambos os exames têm uma exatidão bastante importante, na casa dos 95%, graças a melhora dos equipamentos e o aperfeiçoamento dos profissionais que realizam os exames. Na esfera sexual, a paciente refere dor durante ou após o ato sexual. Sendo necessário fazer uso de analgésico ou até mesmo antinflamatório para aliviar a dor.
Existem riscos para a paciente portadora da endometriose?
Quando ela se manifesta de maneira profunda, ou seja, com focos maiores do que 5 milímetros, existem órgãos que podem ser acometidos e trazerem graves problemas, como por exemplo quando a endometriose atinge o Ureter, podendo fazer uma estenose do mesmo levando a uma perda do rim naquele local de obstrução. Em outras situações podem atingir a bexiga e causar infecções urinárias de repetição; atingir o intestino e fazer semi oclusões ou até mesmo quadros oclusivos totais, tendo alterações nos hábitos intestinais. Sob tudo, não conseguem engravidar nem mesmo através de fertilização In Vitro, devido ao processo inflamatório que ela causa.
Quais são os tratamentos para esta doença?
Uma delas é o tratamento clínico, onde usamos bloqueadores hormonais. Mas a cirurgia é uma arma bem importante, sobretudo quando a paciente está na janela de oportunidade para engravidar ou ela tenha dor com o tratamento clínico, ou seja, com não há melhora com o uso dos medicamentos.
Existe cura?
Não podemos lançar mão deste título, porque o paciente mesmo tratado no ponto de vista cirúrgico, retirando todos os focos, a paciente pode voltar a ter dor e até mesmo ter novos focos implantados, mas a gente consegue sim ter um controle muito bom da doença e ter uma melhora na qualidade de vida da paciente com os dois meios de tratamento.
Há comprovações de causas da doença?
Em relação às causas, não temos certeza, por mais que se tenha pesquisas. Mas parece que há o refluxo da menstruação, atingindo os órgãos internos, através das trompas, por isso o bloqueio hormonal é importante para a manutenção do tratamento e evitar a doença ou a recidiva da doença. Mas também existem outras causas sendo investigadas, sobretudo no ponto de vista imunológico.
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