Gaspar e principalmente o bairro Lagoa estão em luto. Faleceu na tarde deste domingo, dia 10 de março, Ana Werner, uma das moradoras mais antigas da cidade. Ela morreu um dia depois de completar seus 97 anos.
Seu corpo está sendo velado em sua residência no bairro Lagoa. O velório segue até às 15h de segunda-feira, dia 11 de março. Após, o sepultamento acontece no Cemitério de Gaspar.
Dona Ana teve uma história marcada por muita força, honestidade, trabalho e amor. Sua trajetória foi estampada diversas vezes nas páginas do Cruzeiro do Vale. Confira abaixo e relembre:
Uma verdadeira dádiva! Nesta terça-feira, 9 de março, dona Ana Werner completa 94 lindos anos de vida. Matriarca de uma das famílias mais tradicionais de Gaspar, tem consigo valores que repassou aos filhos, netos, bisnetos e trinetos. Ela representa a força, a honestidade, o trabalho e o amor. Sua história serve como inspiração para tantas pessoas, desde aquelas que carregam o mesmo sangue nas veias, até quem convive com a sua presença no dia a dia.
Quando questionada sobre o que deseja de presente nesta data tão especial, dona Ana responde com os olhos. Suas lágrimas são de alegria por se sentir completa. A emoção é nítida e sem rodeios. Ela vive seus sentimentos e os projeta a todos que, de alguma maneira, fazem parte da sua vida: “Peço saúde, união e perseverança à minha família, amigos e comunidade em geral. Quero que todos realizem seus sonhos e sigam fortes”.
Quem vê dona Ana hoje, talvez não se dê conta que seu legado não foi construído de um dia para o outro. “São 94 anos! Vivi tempos difíceis e também muitas bençãos. A gente perde pessoas tão amadas durante a jornada, sabe? Não é fácil. Nessas mais de nove décadas de idade, aprendi que é muito mais importante ser do que apenas ter. E eu sou feliz pelos passos que dei, no caminho que continuo trilhando”, conta emocionada.
Infância
Fruto da união entre Bernardino Alves de Andrade e Maria Alves de Andrade, Ana nasceu no ano de 1927, no bairro Lagoa, em Gaspar. Seus pais eram amorosos e rígidos. Ela foi uma criança muito esperta, dedicada e carinhosa.
Ana estudou até o 4º ano na Escola Mário Perdeneiras, teve 16 irmãos e cresceu em meio a um lar saudável. Desde muito nova foi ensinada sobre a importância do trabalho e da responsabilidade. Ela sempre ajudou os pais nos afazeres domésticos e também na agricultura, principal fonte de sustento da família.
Casamento
Aos 15 anos, Ana conheceu o amor da sua vida: Pedro Bonifácio Werner, com quem se casou quatro anos mais tarde. A cerimônia foi na Igreja Matriz, em 18 de maio de 1946. “Nos conhecemos na casa de um colega em comum, na região do Morro Grande. Ele morava no Arraial”, relembra. Após unir-se em matrimônio, o casal morou em Rio do Sul por alguns meses e, logo depois retornou a Gaspar.
Na cidade Coração do Vale, Ana e Pedro começaram a construir uma família que, no futuro, se tornaria seu maior orgulho. Juntos, tiveram 14 filhos, todos muito amados: Zélia, Maria Zenita, Evaristo, Zenaide (in memorian), Nilton, Lindomar, Izelita, Pedro Paulo, Arlindo, Ademar, Zenilda, Godofredo, Zeni e Maurício.
As crianças nasceram em casa, com a ajuda da avó Maria. Apenas o caçula, Maurício, contou com a ajuda de uma parteira da região por ter vindo um pouco antes do planejado. “Foram crianças muito queridas por toda vizinhança. A gente sempre ensinou o correto em casa. E hoje vejo que deu certo, porque eles repassaram aos meus netos”, define dona Ana.
Eterna saudade
Um momento que entristeceu dona Ana foi o falecimento do marido, Pedro Werner, e de uma das filhas do casal, Zenaide, há 15 anos. “É doloroso demais perder quem a gente ama. Meu marido e minha filha se foram no mesmo dia, por motivos diferentes. Impactou nossa família, sem dúvidas. Minha eterna saudade”, destaca emocionada, com a mão no peito.
Seu Pedro também foi muito influente em Gaspar. Inclusive, em sua homenagem, a administração pública da cidade deu seu nome à uma ponte na Estrada Geral da Lagoa.
Comemoração
Em virtude da pandemia, a comemoração dos 94 anos de dona Ana não será do tamanho que merece. Porém, como forma de carinho, os filhos fizeram uma bonita homenagem à matriarca. Uma faixa grande, vistosa e muito bonita estampa seu rosto e como a família define a aniversariante: “Nossa guerreira!”.
Dona Ana já recebeu as duas doses da vacina contra o coronavírus e segue torcendo pelo fim da pandemia.
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