Em Gaspar, Ilhota e região, quando falamos sobre ‘tragédia’, um período específico vem à mente: novembro de 2008. Se passaram 15 anos desde a catástrofe que assolou cidades de Santa Catarina. As perdas, que doem até hoje, não foram apenas materiais. Além de casas, móveis, roupas, alimentos e veículos destruídos pela força da água e pelos deslizamentos, dezenas de pessoas perderam a vida naquele mês. Vivenciamos um luto sem precedentes.
Famílias se despediram, de jeito cruel e ainda mais doloroso que o habitual. Os corpos, muitas vezes encontrados em meio à lama, eram amontoados. Pode-se dizer que vivemos um verdadeiro cenário de guerra. Nenhuma palavra pode definir a dor sentida naquele momento. Foram tantos acontecimentos tristes que é impossível não se arrepiar ao relembrar das chuvas, dos deslizamentos, das enchentes. Foram dias de choro, de angústia, de medo e muita aflição que se transformaram em lembranças que até hoje não sairam da memória.
Na madrugada de 22 de novembro de 2008 aconteceu a explosão do gasoduto na BR-470, em Gaspar. O rompimento de parte da adutora do gás natural foi registrado por volta das 3h, quando se formaram labaredas de fogo de até 50 metros de altura.
As chamas chegaram a atingir uma residência, que ficou totalmente destruída. Duas famílias moravam na casa e perderam todos os pertences. A explosão foi o primeiro acontecimento da tragédia que estava por vir.
Não demorou muito para a tragédia tomar conta de muitos bairros de Gaspar, principalmente na região do Belchior. Diversas áreas foram isoladas e os moradores foram levados aos abrigos. A maioria saiu de casa com a roupa do corpo. Eles foram amparados com alimentos, materiais de higiene e demais itens de sobrevivência. Os acessos foram bloqueados e muitos moradores ficaram sem o fornecimento de água e energia por diversos dias.
Quase todos os bairros de Gaspar foram afetados, com ênfase, além do Belchior, no Sertão Verde, Sete de Setembro, Centro e Gasparinho.
Em Ilhota, a região do Baú foi a mais afetada com a catástrofe que assolou o Vale do Itajaí em 2008. O cenário era de guerra. Tudo ficou destruído. Famílias inteiras perderam suas vidas. Naquela localidade, o desmoronamento de morros foi o que mais assustou. Casas chegaram a ser tomadas por completo pelo barro. A tristeza tomava conta. As horas pareciam não passar. Quem sobreviveu tem histórias que, quando contadas, são difíceis de acreditar.
O trabalho de resgate aos moradores que sobreviveram à tragédia seguiu de forma ininterrupta. Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e demais equipes trabalharam de forma incansável. Corpos eram achados a todo o momento. Crianças, jovens, adultos e idosos morreram soterrados.
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