
Poucos amores atravessam o tempo com tanta leveza, cumplicidade e ternura. Siegfried e Elza Wehmuth, ou simplesmente seu Lico e dona Nina, são desses casais raros que transformaram os dias simples em uma vida inteira de parceria. Ao completarem 74 anos de casamento, eles celebram uma história construída com respeito, diálogo, fé e um afeto que continua presente nos pequenos gestos do cotidiano.
Seu Lico e dona Nina se casaram no dia 15 de dezembro de 1951 e, desde então, caminham lado a lado pela vida. Hoje, na data em que celebram mais um aniversário de casamento, receberam em casa a pastora Bárbara Kugel, da Igreja Luterana de Gaspar, para uma bênção especial.
De famílias tradicionais e muito trabalhadoras, Siegfried, hoje com 97 anos, e Elza, com 95, receberam uma educação exemplar em casa. Ele na religião luterana, ela na católica. Seus passos se encontraram na fábrica de linhas, a conhecida Círculo. “Eu era costureira e o Lico mecânico. Nos conhecemos no serviço. Apesar do sentimento que tínhamos um pelo outro, nossas famílias não apoiavam o relacionamento por conta da religião”, lembra dona Nina.
Seu Lico serviu o exército no Rio de Janeiro, onde permaneceu por cinco meses. Nesse período, trocava cartas com a amada Nina para amenizar a saudade. Seu retorno a Gaspar, em uma festa de São Pedro, marcou o reencontro com aquela que viria a ser sua companheira de vida. “Foi tão bom revê-la. Me lembro como se fosse hoje. Sempre linda”, relembra Siegfried com um grande sorriso no rosto.
Após cerca de três anos namorando, casaram e, já com a casa pronta, tiveram a primeira filha. “Depois da primeira, todo ano vinha mais um”, admite o casal entre risadas. Ao todo, seu Lico e dona Nina tiveram 12 filhos: Ivone, Sonia, Valmor (in memoriam), Carlos, Elizabeth, Regina, Maria Cilene, Vera, Silvia, Paulo (in memoriam), Juliano e Viviane.
Os netos também os enchem de alegria: Katia, Dayane, Gabriele, Felipe, Eduardo, Alexandre, Bárbara, Júnior, Simone, Yasmin, Breno, Guilherme, Bruna, Fernanda, João Lucas, Nathalia e Ana Beatriz. E como bisavós, eles são igualmente amorosos, as paixões dos bisnetos João Vitor, Ana Lara, Maria Clara, Valentina, Roberto, Alice e Otávio.
Quem passa pela rua Itajaí, no bairro Sete de Setembro, provavelmente se encanta com a casa charmosa que vivem Siegfried e Elza. Com um jardim delicado, a residência faz parte dessa linda história de amor. “Foi aqui que criamos nossos filhos, vimos nossos netos e bisnetos nascerem e hoje seguimos reunindo a família. Que benção de Deus”.
Seu Lico completa a fala da esposa com algumas lembranças: “Pegamos algumas enchentes aqui. A primeira foi em 1980, quando perdemos tudo. A [enchente] de 1983 e 84 também nos afetou. Foi difícil recomeçar, mas conseguimos juntos. Todas as vivencias maravilhosas que tivemos aqui compensam os problemas”.
Os hobbies praticados na juventude também rendem excelentes memórias. “Desde muito novo, jogava bocha. Participei de muitos campeonatos e já conquistei diversos títulos”, enfatiza orgulhoso seu Lico. Aliás, outra aptidão dele é com as cartas. “Jogo baralho com minhas amadas filhas até hoje. Geralmente aos domingos, quando a família toda se reúne aqui”, conta.
Muito trabalho marcou a vida de seu Lico e dona Nina. Enquanto ela cuidava da casa e realizava lindos trabalhos como costureira, ele trabalhou por um longo período como mecânico e depois serralheiro. Aliás, a serralheria é uma das paixões que passou a um dos filhos e netos, que até hoje mantêm os negócios da Serralheria Wehmuth, bem ao lado da casa do patriarca.
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